NR-1: Exemplo e tudo que você precisa saber!

SPHINX Brasil • 9 de maio de 2025

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NR-1: Um guia rápido para você entender melhor a normativa e um exemplo de aplicação para a sua empresa

NR-1: Exemplo e tudo que você precisa saber!

Recentemente, essa norma passou por atualizações importantes, trazendo um foco especial para a avaliação e o gerenciamento dos riscos psicossociais. Mas o que isso realmente significa para as empresas e seus colaboradores? Como essa mudança impacta o dia a dia corporativo e, mais importante, como podemos nos adaptar a ela de forma eficaz e descomplicada? Este artigo foi preparado para responder a essas e outras perguntas, traduzindo o "juridiquês" e oferecendo um panorama claro e prático sobre essa nova realidade. Nosso objetivo é que, ao final desta leitura, você compreenda a importância da NR-1 e se sinta mais preparado para promover um ambiente de trabalho mais seguro, saudável e produtivo para todos.

O que é a NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1)?


A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) é, podemos dizer, a "mãe" de todas as Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho no Brasil. Publicada originalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ela estabelece as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns a todas as outras NRs. Em essência, a NR-1 define as bases para o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e para o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) que toda empresa com empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) deve implementar.


O principal objetivo da NR-1 é estabelecer os requisitos para a gestão de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Isso significa que ela orienta as empresas sobre como identificar perigos, avaliar riscos e implementar medidas para controlar ou eliminar esses riscos no ambiente laboral. A ideia central é criar uma cultura de prevenção, onde a segurança e a saúde dos trabalhadores sejam prioridade.


Antes de suas atualizações mais recentes, a NR-1 já era fundamental, pois determinava que as empresas deveriam cuidar da saúde e segurança de seus empregados. No entanto, com as novas diretrizes, seu escopo foi ampliado e detalhado, especialmente no que tange à inclusão de todos os tipos de riscos, incluindo os psicossociais, que antes não eram tão explicitamente abordados.


Em resumo, a NR-1 é o pilar que sustenta toda a estrutura de prevenção de acidentes e doenças do trabalho no país, obrigando as organizações a adotarem uma postura proativa na gestão da segurança e saúde de seus colaboradores. Ela não apenas define o "o quê" deve ser feito, mas também direciona o "como", por meio do GRO e do PGR.


A Importância da NR-1 para Empresas e Trabalhadores


A relevância da NR-1 transcende a mera conformidade legal; ela é um instrumento fundamental para a construção de um ambiente de trabalho mais justo, seguro e produtivo. Para as empresas, a adesão às diretrizes da NR-1, incluindo a gestão dos riscos psicossociais, traz uma série de benefícios. Primeiramente, há uma redução significativa nos custos associados a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Isso inclui despesas com tratamentos médicos, afastamentos, substituição de pessoal, passivos trabalhistas e danos à imagem da empresa. Um ambiente de trabalho seguro e saudável também tende a aumentar a produtividade, pois colaboradores que se sentem seguros e valorizados são mais engajados e motivados. Além disso, empresas que demonstram preocupação genuína com o bem-estar de seus funcionários fortalecem sua reputação no mercado, atraindo e retendo talentos, e melhorando suas relações com clientes e investidores.


Para os trabalhadores, a NR-1 representa uma garantia de que seus direitos à saúde e segurança serão respeitados. Ela assegura que os empregadores têm a responsabilidade de identificar e controlar os riscos presentes no ambiente laboral, incluindo aqueles que afetam a saúde mental. Isso significa menos exposição a condições perigosas ou insalubres, menor probabilidade de sofrer acidentes ou desenvolver doenças relacionadas ao trabalho, e um ambiente mais propício ao bem-estar físico e psicológico. A inclusão explícita dos riscos psicossociais é um avanço particularmente importante, pois reconhece o impacto que fatores como estresse excessivo, assédio e sobrecarga de trabalho podem ter na vida dos trabalhadores. Em última análise, a NR-1 contribui para uma melhor qualidade de vida no trabalho e fora dele.


O Que Mudou com a Atualização da NR-1 em Relação aos Riscos Psicossociais?


A grande novidade trazida pelas atualizações recentes da NR-1 é a inclusão explícita e obrigatória da avaliação e gerenciamento dos riscos psicossociais como parte do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) das empresas. Antes, embora a legislação já previsse a proteção integral à saúde do trabalhador, a abordagem aos fatores psicossociais era muitas vezes implícita ou negligenciada.


Com a nova redação, ficou claro que as empresas precisam identificar perigos e avaliar riscos relacionados a aspectos da organização do trabalho, às interações sociais no ambiente laboral e a outros fatores que possam impactar negativamente a saúde mental dos colaboradores. Isso inclui, mas não se limita a:

  • Carga de trabalho excessiva: Metas inatingíveis, prazos apertados, volume de trabalho desproporcional à capacidade do trabalhador.
  • Falta de autonomia e controle: Pouca liberdade para tomar decisões sobre o próprio trabalho, microgerenciamento.
  • Jornadas de trabalho extensas ou irregulares: Longas horas de trabalho, turnos desgastantes, dificuldade de conciliar vida pessoal e profissional.
  • Assédio moral e sexual: Comportamentos abusivos, humilhações, intimidações, discriminação.
  • Violência no trabalho: Agressões físicas ou verbais por parte de colegas, superiores ou público externo.
  • Falta de apoio social e organizacional:** Isolamento, ausência de suporte dos colegas e da liderança, comunicação deficiente.
  • Conflitos interpessoais: Relações desgastadas, ambiente de hostilidade.
  • Insegurança no emprego: Medo constante de demissão, instabilidade contratual.


Essa mudança significa que os empregadores não podem mais ignorar o impacto desses fatores na saúde dos seus funcionários. A partir de maio de 2025, conforme divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a avaliação desses riscos se tornou uma exigência clara. As empresas devem, portanto, integrar a análise dos riscos psicossociais em seus programas de SST, desenvolvendo planos de ação para preveni-los e controlá-los, da mesma forma que fazem com riscos físicos, químicos ou biológicos. Essa é uma evolução significativa, alinhando o Brasil às melhores práticas internacionais em saúde e segurança ocupacional e reconhecendo a saúde mental como um componente indissociável da saúde do trabalhador.


Como Funciona a Avaliação de Riscos Psicossociais no Contexto da NR-1?


A NR-1 não prescreve uma metodologia única para a avaliação de riscos psicossociais, mas estabelece a necessidade de que essa avaliação seja integrada ao Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) da empresa. Isso significa que as empresas têm certa flexibilidade para escolher as ferramentas e abordagens que melhor se adequam à sua realidade, desde que sejam eficazes na identificação e avaliação dos riscos.


De modo geral, o processo de avaliação de riscos psicossociais pode seguir algumas etapas fundamentais:

  1. Identificação dos Perigos: O primeiro passo é reconhecer quais fatores no ambiente de trabalho podem representar riscos psicossociais. Isso pode ser feito através de observação direta, entrevistas com trabalhadores, aplicação de questionários, análise de dados de saúde (como taxas de absenteísmo e afastamentos por transtornos mentais), e consulta a especialistas em saúde ocupacional.
  2. Análise dos Riscos: Uma vez identificados os perigos, é preciso analisar a probabilidade de que eles causem danos e a severidade desses danos. Por exemplo, uma carga de trabalho excessiva pode levar ao esgotamento (burnout), que é um dano grave à saúde mental.
  3. Avaliação dos Riscos: Com base na análise, os riscos são avaliados para determinar se são toleráveis ou se exigem medidas de controle. Esta etapa envolve comparar os níveis de risco identificados com critérios predefinidos ou benchmarks da indústria.
  4. Planejamento de Ações: Se os riscos forem considerados inaceitáveis, a empresa deve desenvolver e implementar um plano de ação para eliminá-los ou, se não for possível, reduzi-los a um nível aceitável. Isso pode envolver mudanças na organização do trabalho, programas de apoio psicológico, treinamento para gestores e empregados, entre outras medidas.
  5. Monitoramento e Revisão: A eficácia das medidas implementadas deve ser monitorada continuamente, e o processo de avaliação de riscos deve ser revisado periodicamente ou sempre que ocorrerem mudanças significativas no ambiente de trabalho.


É importante destacar a importância da participação dos trabalhadores em todo o processo. Eles são os que melhor conhecem os riscos a que estão expostos e podem fornecer informações valiosas para a identificação e avaliação desses riscos, além de contribuir para a elaboração de soluções eficazes.


Responsabilidades do Empregador e do Empregado


A NR-1 estabelece responsabilidades claras tanto para empregadores quanto para empregados no que diz respeito à segurança e saúde no trabalho, incluindo os riscos psicossociais.


Responsabilidades do Empregador:


  • Garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável: Isso inclui a implementação de medidas para prevenir e controlar os riscos psicossociais.
  • Elaborar e implementar o PGR: O Programa de Gerenciamento de Riscos deve contemplar todos os riscos ocupacionais, incluindo os psicossociais.
  • Informar os trabalhadores: Os empregados devem ser informados sobre os riscos a que estão expostos e as medidas de prevenção adotadas.
  • Promover a participação dos trabalhadores: Incentivar a participação dos empregados na identificação de riscos e na proposição de soluções.
  • Capacitar os trabalhadores: Oferecer treinamento sobre os riscos psicossociais e as medidas de prevenção.
  • Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho.


Responsabilidades do Empregado:


  • Colaborar com a empresa na aplicação das normas de segurança e saúde no trabalho.
  • Utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs) fornecidos pelo empregador.
  • Submeter-se aos exames médicos previstos nas NRs.
  • Comunicar ao seu superior hierárquico imediato as situações que considerar de risco grave e iminente à sua segurança e saúde ou à de terceiros


Dicas Práticas para as Empresas se Adequarem


Adaptar-se às novas exigências da NR-1 em relação aos riscos psicossociais pode parecer um desafio, mas com planejamento e engajamento, é perfeitamente possível. Aqui estão algumas dicas práticas:


  1. Diagnóstico Inicial: Comece realizando um diagnóstico para entender a situação atual da sua empresa em relação aos riscos psicossociais. Utilize questionários anônimos, promova conversas abertas e analise indicadores como taxas de absenteísmo e rotatividade.
  2. Crie um Comitê Interno: Forme um comitê multidisciplinar com representantes de diferentes áreas, incluindo RH, segurança do trabalho e, fundamentalmente, os próprios trabalhadores. Este comitê pode liderar o processo de identificação e avaliação dos riscos.
  3. Invista em Treinamento: Capacite gestores e colaboradores para reconhecerem os sinais de riscos psicossociais e saberem como agir. Treinamentos sobre gestão de estresse, comunicação eficaz e prevenção de assédio são essenciais.
  4. Promova uma Cultura de Apoio: Incentive um ambiente de trabalho onde os funcionários se sintam seguros para falar sobre suas preocupações e buscar ajuda sem medo de represálias. Programas de apoio psicológico podem ser muito úteis.
  5. Revise as Políticas e Práticas da Empresa: Analise as políticas de RH, as práticas de gestão de desempenho, as cargas de trabalho e os processos de comunicação. Identifique áreas que podem estar contribuindo para o estresse ou outros riscos psicossociais e faça os ajustes necessários.
  6. Comunique de Forma Transparente: Mantenha os funcionários informados sobre as iniciativas da empresa para lidar com os riscos psicossociais. A transparência gera confiança e engajamento.
  7. Monitore e Avalie Continuamente: A gestão de riscos psicossociais não é um projeto com início, meio e fim, mas um processo contínuo. Monitore regularmente os indicadores de bem-estar, colete feedback dos funcionários e ajuste suas estratégias conforme necessário.
  8. Busque Apoio Externo se Necessário: Se sua empresa não possui expertise interna em saúde mental ocupacional, não hesite em buscar consultores especializados para auxiliar no diagnóstico, planejamento e implementação de medidas.


Finalizando


A atualização da NR-1, com sua ênfase nos riscos psicossociais, representa um avanço significativo para a proteção da saúde mental dos trabalhadores no Brasil. Embora possa exigir um esforço inicial de adaptação por parte das empresas, os benefícios a longo prazo – como a redução do absenteísmo, o aumento da produtividade e a criação de um ambiente de trabalho mais saudável e positivo – são inegáveis. Ao compreender as novas exigências e implementar estratégias eficazes de gestão de riscos psicossociais, as organizações não apenas cumprem suas obrigações legais, mas também investem no seu capital mais valioso: as pessoas.

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